Fala aí galera!
Magaldi aqui.
Primeiro de tudo, queria dizer que eu não vou mudar o post que eu fiz antes falando da impressão geral de cada dia, porque deu trabalho demais pra ser mudado agora, mesmo que ele já fale alguma coisas mais gerais sobre os dias 1 e 2 (https://mnm152ag7.wordpress.com/2015/05/10/os-tres-dias/). Quanto ao dia 3, já tem a video-reportagem sobre ele, então cliquem aqui no e assistam :).
Segundo de tudo, o post vai acabar sendo meio longo, então já peço desculpas aos que tem preguiça de ficar lendo. Prometo deixar com uma linguagem menos chata e cansativa do que o normal
Terceiro de tudo, vamos lá:
DIA 1
Acordei cedo pra &#!”% nesse dia, deviam ser umas 5 horas da manhã, porque meu despertador tocou mais cedo do que eu esperava (porque a anta que programou ele programou pra mais cedo do que precisava). Deve ter sido porque eu fiz isso umas 2 da manhã no dia anterior, então vocês podem ver, só escolhas boas que o gênio fez. Enfim, cheguei na escola no horário previsto, eram umas seis e pouco, deixei a mala de roupas e tal no ônibus fretado que ia levá-la pro hotel, e fui pro local onde estava o roteiro 1, em que eu me havia inscrito. Depois de algumas orientações gerais, não chamar atenção e tal, proteger bem as suas coisas, além de algumas normas de segurança que todos nós fizemos juntos (uma chamada coletiva e alguns grupinhos menores de 2 ou 3 pessoas pra tomarem conta umas das outras), saímos pra pegar o ônibus na Santo Amaro e ir ao nosso primeiro destino, o grupo, o João (nosso professor de literatura), a Thais (monitora de história) e o Josafa (monitor da Uggi, empresa de turismo que nos acompanhou na viagem).
*sobre essa de não chamar atenção, algumas meninas do nosso grupo simplesmente ignoraram e ficaram cantando O TEMPO TODO. Se vocês estiverem lendo isso, meninas, adoro vocês, mas qual é vai.
Nosso primeiro destino era a ocupação no antigo Hotel Cambridge. E o que eu tenho a dizer sobre ela é que foi realmente marcante e impressionante. Tem bastante coisa sobre isso no outro post, mas eu quero frizar que não é nada como eu esperava. A organização, a limpeza, os mutirões, a união. Foi bastante emocionante ver aquilo e perceber que a FLM (Frente de Luta pela Moradia) é muito mais do que gente indigente invadindo locais privados. É uma nação que procura justiça e direitos que deveriam ser concedidos sem a menor objeção.
Depois disso, fomos a pé ao CRAI – Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes -, que ficava a poucos quarteirões dali. Meu amigo Vini errou o caminho algumas vezes mesmo olhando no Google Maps do celular e foi aí que as meninas começaram a cantar. Mas no fim deu tudo certo, e chegamos aonde precisávamos chegar. Eu tinha altas expectativas, trazidas pelo momento fantástico que passamos na ocupação, mas é… bom, não foi tudo isso não, nem perto pra falar a verdade. Uma pena, porque o lugar era muito bom e tinha um objetivo puramente social, demais. A visita foi chata não sei se por causa do sono e porque a mim realmente não me interessava muito. Quer dizer, é claro que vejo a importância do trabalho deles, é fundamental, e me preocupo com a situação dos imigrantes, mas só não tinha aquele algo a mais, sabe? Pelo menos não foi muito longa a visita. E se eu pareço meio rude falando sobre o CRAI, espera só mais um pouco até eu falar da Vai-Vai
Enquanto o Vini se perdia mais um pouco e as meninas continuavam a cantarolar, andamos até a sede da Vai-Vai, e eu pensei que ia ser daora, por mais que não aprecie carnaval. Galera ensaiando, uma barulheira, carros alegóricos e tal. MAS QUE NADA, sonho meu. Ô lugarzinho morto, o inferno possuindo escola de samba. Era uma sala vazia, com a bandeira da escola e os troféus que ela já ganhou. Galera ensaiando? Que nada. Silêncio absoluto. Carros alegóricos? Vish, nem sinal. Pelo que eu entendi eles tavam do lado do sambódromo, sei lá. E como se um lugar chato não fosse suficiente, pessoas chatas entraram.
Foi a morte lenta.
Com todo o respeito (se é que ainda posso chamar isso de respeito sem ser hipócrita), mas foi muito, muito, muito chato. Tipo, muito. Primeiro entrou uma mulher pra falar com a gente, entrou meio quieta, sem falar nada. Acho que o nome dela era Nilza, mas não tenho muita certeza não. Ela então desenbestou a falar. E falou, e falou, e falou, e falou mas sem sair do lugar. Chegou depois um homem. O nome dele era Liberto. Os dois eram diretores do lugar, faziam parte do grupo de chefões. Bom, mas ele falava também demais e demais e demais. Ele começava a falar com um grito, certeza que era só pra me acordar do meu estado vegetativo, daí abaixava a voz pra gente ter que se esforçar pra ouvir ele falar. E era meio surreal, non-sense o que eles falavam. Ele começava a falar, ela interrompia falando mais alto e ele abaixava a cabeça e continuava falando baixinho, baixinho, só pra ele ouvir. Foi uma loucura. Ainda por cima, bem no começo da conversa, a Nilza mencionou que o lugar em que iríamos almoçar era divino, maravilhoso, foi descrevendo as comidas, e continuou falando por o que pareceram ser treze horas e meia. Acho que eles não entenderam muito bem o propósito de nós termos ido lá. Na verdade, acho que eu não entendi o propósito de termos ido lá.
Mas depois conseguimos sair de lá, finalmente, e o Vini se perdeu, e as meninas cantavam (acho que foi por aí que criaram o nome do grupo, Viagens na Nossa Terra, teve até musiquinha com o nome), e chegamos à cantina Conchetta, no coração do Bixiga. E não é que a Nilza estava certa? Comida maravilhosa, nunca vi. E com direito a panelaço, foi muito divertido (e muito, mas muito barulhento, deu até dor de cabeça).
Depois do almoço seguimos pra um museu da história do Sr. Walter Taverna, criador da Conchetta e de vários outros símbolos de São Paulo e do Bixiga. O guia de nossa visita deixou bem claro que Walter não só tinha ideias, mas as tornava realidade, e nos disse para fazer o mesmo: seguir nossas ideias e intuições. Bem óbvio, mas faz a gente pensar, né?
De lá, fomos a outra galeria de arte, que foi bem mais legal, por sinal. Tinha uns artistas meio alternativos, uns LPs de bandas mais recentes mas que estão fora do grande mercado, e que som maneiro que essas bandas tinham. Não entendo até agora porque eu não comprei.
Depois disso, fomos visitar uma Igreja barroca, Nossa Senhora da Boa Morte, e era muito bonita. Mas a parte mais incrível é que o grupo, barulhento como era nas ruas, fez um silêncio inacreditável do momento em que pisou dentro da Igreja do momento em que saiu. Respeito, mandamos bem.
Então íamos para a companhia de teatro Fofos Encenam, e o Vini errou o caminho, e as meninas cantavam e cantavam, mas deu tudo certo e chegamos lá. A companhia de teatro alternativo era muito legal, tinha uma desposição diferente de plateia, não tinha uma palco definido, era bem interessante.
Íamos ver a Vila Itororó, mas estava fechada em processo de restauração, então só pudemos ver de longe.
Voltamos, então, pro hotel, jantamos e demos aquela descansada. Depois de comer, fui à oficina de parkour na praça Roosevelt, que foi bem daora. Os instrutores eram incríveis e passaram uns movimentos bem difíceis, uns saltos meio loucos, mas (quase) ninguém se feriu.
E acabou o dia, todo mundo cansado à beça.
DIA 2
Acordamos cedo, bem cedo pro nível de cansaço que a gente tava, e saímos do hotel lá pelas sete, oito da manhã.
A gente tinha que chegar na 23 de Maio, pra ver os grafites nos arcos, o que estava só alguns quarteirões disitante, mas demoramos quase três horas. E vai aqui a razão disso:
O monitor da Uggi que estava com a gente nesse dia, o Gui, é grafiteiro. A gente parou pra ver tudo que estava ao nosso redor, todo tipo de arte que colore as ruas da cidade cinza em que vivemos, e foi uma experiência bem diferente e interessante. Colocamos em vista a perspectiva do que é arte, do que é grafite e pichação, e de porque o grafite é mais valorizado.
Chegamos finalmente ao mural d’Os Gemeos, e ver aquilo de perto foi bem diferente do que ver por fotos ou filmes. A sensação de estar vivendo a cidade é muito mais prazerosa.
Fomos então à exposição na Galeria Vermelho, mas descobrimos ao chegarmos lá que não tinha exposição coisa nenhuma, estava em processo de desmontagem e, assim, não vimos nada.
Almoçamos no Sesc Pompeia, onde vimos logo depois a exposição “Terra Comunal”, da Marina Abramovic. Péssima. Ela pelada pulando, batendo no marido, comendo cebola crua e o pior vídeo era o dela lavando um crânio, juro, coisa mais do mal que já me aconteceu. Perturbador de uma forma nova, desgastante, vislumbrante mas sinistra.
Demorou, mas graças e algum deus saímos de lá e fomos para a galeria de arte A7MA, onde conhecemos o Enivo, grafiteiro do Grajaú que ficou famoso com suas obras. Ele nos mostrou toda a exposição, além do Beco do Batman, nos contando a história de cada um dos grafites. E o cara é humilde, super gente boa, falou na moral com a gente, se abriu pra caramba, e foi bem legal.
Voltamos pro hotel, descansamos e tal, e à noite teve um sarau bem divertido com todo mundo que foi pro estudo do meio. Ficaram falando pra eu ir tocar violão lá, onde já se viu, até parece que não sabem que eu sou tímido, tá louco. Mas foi bem legal sim, até o nosso coordenadores tocaram e cantaram!
Acabou aí o dia dois.
DIA 3
Nesse dia, tivemos o roteiro surpresa com as pistas, e eu já postei o vídeo mostrando o que aconteceu! Mas é legal também falar do que fizemos todos no final desse dia: fomos à Vila Maria Zélia assitir a uma peça de teatro do Grupo XIX, chamada “Hygiene”, que retrata a situação dos operários de São Paulo quando se instaurou a política de higiene na cidade. Foi bem interessante!
Voltamos, depois, à escola, e ficou por aí o estudo do meio.
Eu acho que deu bastante certo.
A experiência realmente nos aproximou todos da cidade, aquela ideia da cidade super violenta, cinza, uma desgraça, passou. Pelo menos por enquanto.
Aquela ideia de transporte público que não funciona, evaporou. Fomos pra todos os lugares que precisávamos sem dificuldade nenhuma e sem atrasos significantes.
Foi realmente marcante andar pela cidade e poder senti-la como nossa de fato pela primeira vez.
“Ah, agora eu sei tudo sobre São Paulo” seria uma mentira muito grande. Eu conheci um pouquinho da cidade, e só entendi de fato por conta dos guias e professor que acompanharam a gente. É uma pena serem só três dias. Quer dizer, é isso que importa de fato de conhecimento de vida e já acabou. Mas acho que era só a faísca. Agora fica por conta própria.
Pra você que leu até agora, meus parabéns, não sei como você aguentou.
Abraço especial pra você, e até mais!
Magaldi