Andar à toa na minha Santa Sampa

Fala galera, Magaldi aqui de novo.

Bom, eu devo admitir: embora o projeto tenha tido seus defeitos e coisa e tal, foi bastante impactante e isso é indubitável. Os três dias de viagem pro centro foram os mais marcantes, obviamente, mas foram só o começo de envolvimento muito mais profundo com a nossa cidade.

E isso parte de coisas simples e mundanas, tais como pegar o ônibus na Santo Amaro pro começo da viagem. Eu nunca tinha me imaginado fazendo aquilo. Imagina, eu, jovem de classe média, pegando o ônibus simplesmente porque sim, porque era o jeito que dava. E na hora aquilo não me pareceu tão estranho quanto eu pensei que ia. Foi até bastante trivial, uma ação comum que as pessoas realizam e que eu tava reproduzindo com bastante naturalidade. Aí eu percebi que eu não era muito diferente de todo mundo. Na verdade… nem um pouco. Éramos todos cidadãos simplesmente exercendo nosso direito de ir e vir com transporte público. Nada paranormal. Eu entendi, então, que pegar o transporte público é normal, é mundano, é natural e é mais barato e mais rápido, inclusive. Desde então, não tenho a audácia de dizer que mudei completamente, mas sempre que preciso pego o metrô. É tão melhor e mais fácil, mas eu antes insistia em complicar com medos, talvez justificáveis, mas muito bobos.

Um ponto que eu diria que promoveu maior transformação em mim foi a relação com a cidade, as pessoas e a rua. Desde o dia em que fui à Paulista fechada pra carros, principalmente (que baita dia), pude entender o que é morar numa cidade tão enorme e diversificada quanto São Paulo e vivê-la de perto, como se (tcha-nan) morasse nela. A quantidade de pessoas, fazendo tudo que queriam, vivendo, comunicando-se, fazendo amizades, ouvindo músicos fenomenais, enfim, exercendo a cidadania.

Olhem que coisa maravilhosa!

Olhem que coisa maravilhosa!

Eu me sinto mais livre pra andar pela cidade. Não tenho mais medo de todo mundo que eu vejo, pego o metrô e ônibus mais tranquilo, sei que as maravilhas que a cidade tem a me oferecer compensam as dificuldades e perigos.

Agora, depois de longos dezesseis anos, eu entendo o que é ser paulistano. Claro, ainda tenho muito o que aprender e viver na Sampa, mas sinto que dei um passo considerável. Tenho maior ciência do que significa ser cidadão, e isso é imprescindível para qualquer morador de cidade grande.

Um beijo e dois queijos,

Falou e até mais.

Magaldi

Reflexões sobre o projeto – Rodrigo Magaldi

Olá caros leitores, tudo bem?

Tudo tranquilo? Deboas?

deboísmo

Beleza então, bora lá.

(Magaldi falando, por sinal)

Primeiro de tudo, queria pedir desculpas em nome do grupo pela falta de posts no blog. A gente não pôde postar aqui o documentário (e ainda não podemos, por razão que não me parece muito boa, mas deixemos quieto, não podemos), o que é uma pena, porque a conclusão do projeto Móbile na Metrópole é exatamente o vídeo. Bom, quem sabe um dia poderemos postá-lo.

Mas o ponto desse post não é esse, não. É pra ser um post super profundo e reflexivo e coisa e tal sobre minhas experiências com o MNM e com a produção do documentário, então vamos nessa.

Eu não posso negar que foi um projeto bastante life-changing sob o ponto de vista de que fez todo mundo pensar a respeito de sua posição de privilégio na cidade. Branco, de classe média, que estuda numa das melhores escolas de São Paulo. É o perfeito estereótipo daquele que se auto-segrega no seu condomínio seguro, carro blindado. E eu não to dizendo que isso é particularmente errado, até porque São Paulo é sim perigosa e isso é um fato. Mas é que a cidade tem tanto a oferecer! Na esquina, na alameda, na virada, na (vereda) avenida, tanta coisa boa acontecendo… e a gente aqui, dentro de casa, jogando videogame, se fechando pro mundo. O dia que a gente foi pra Avenida Paulista filmar a banda Marla’s Minda quando a avenida tava fechada pra carros foi um dos dias mais marcantes, pelo menos pra mim. Ver todo mundo, e eu me incluindo nisso, participando daquilo que a cidade tinha a nos oferecer com a maior avenida fechada por bicicletas, jegue-elétrico, grupos de dança, pessoas andando de skate e patins, músicos. Foi bastante tocante ver aquilo acontecendo, foi realmente algo inusitado e necessário pra redemocratização dos espaços públicos e início do fim (quem sabe?) da segregação socio-espacial da nossa santa Sampa.

Mas claro, todas as entrevistas, não só a da Marla’s Mind, foram muito boas. Teve a do Ivaldo e a do Luis Antonio, que foram também boas demais, e me mostraram como as pessoas, mesmo sendo diferentes, são todas iguais. Somos todos pessoas, e essa é a nossa condição. Músicos, dramaturgos, pessoas que cuidam da mãe quando ela precisa de ajuda, pessoas no final de tudo. E só digo isso porque de fato é o que penso. Talvez não pensasse antes, mas agora entendo que pessoas são pessoas como eu e ponto, o que quer que façam, a qualquer classe social que pertençam.

Quanto ao processo de craição do documentário, mais especificamente, eu não tive tanta participação assim. Quero dizer, na montagem do vídeo. Eu acabei dormindo no sofá enquanto os outros três faziam uma parte importante da edição, mas pra compensar eu editei uma parte no dia seguinte de manhã cedo, então talvez compense (será? Espero que sim). Eu já sabia que editar um vídeo era tarefa bastante árdua, até porque eu editei o vídeo da Marcha das Vadias, que é bem curtinho e sem nada demais e mesmo assim eu levei quatro horas pra editar. Fazendo o mini-documentário, a hipótese que eu tinha criado (fazer vídeos é bastante difícil) se concretizou. E outra também (de que eu sou meio que uma anta e meus amigos editam muito melhor e mais rápido do que eu).

Eu acredito (é na rapaziada… brincadeira gente, sério, vou parar de fazer trocadilhos com músicas) que o nosso documentário traduziu bem nosso processo de apredizado durante o projeto. Eu acho que a gente conseguiu bem captar os artistas de rua da forma como queríamos – como pessoas, como seres como nós, como qualquer um. Eu particularmente penso que a escolha de nossos professores de realmente dar uma nota para o documentário é um pouco controversa, até porque eles nos falaram pra fazer um documentário como a gente bem entendesse, usando os nossos critérios e ideias, e depois eles que corrigem e dão uma nota de acordo com o critério deles? Ora, que sentido faz? Eu entendo que é necessário avaliar o projeto, até porque sem nota a quantidade de pessoas envolvidas de fato seria muito, mas muito menor. Mas acontece que com isso o documentário fica o que eles querem, não o que quem o fez quer. Eu gostei do meu documentário? Gostei, gostei sim, mas a nota não fez juz ao trabalho e envolvimento que tivemos. Eu sei, eu sei, ‘a nota não é o importante’. Mas… porque tê-la, então? Mas acho que isso é uma questão para o coordenadores do projeto discutirem para o ano que vem, então acho que eu vou ficando por aqui mesmo.

Ufa, valeu, post longo mas valeu.

Aquele abraço galera, até mais!

 Magaldi

Danúbio e seu sax!

E aí gente!

Nessas últimas semanas a gente foi bastante pra Paulista pra conhecer uns músicos e começar nossas filmagens do documentário e do argumento (que já foi postado aqui e ficou bem daora, na real) e conhecemos esse cara da foto, o Danúbio!

Nóis e o grande Danúbio!

  Nóis e o grande Danúbio!

Ele fica nos dias de semana em horário de almoço lá no cruzamento da Paulista com a Augusta, perto do Conjunto Nacional, e faz um som muito legal, recomendamos passar por lá pra ouvir.

Se tudo der certo, a gente vai entrevistar ele pro documentário!

Primeiro, a gente queria ressaltar que ele é gente boa demais, foi super acolhedor e conversou na boa com a gente.

Segundo, o cara toca bem demais, é impressionante.

E terceiro, e pior, foi triste ver que, além de nós quatro, das centenas – talvez milhares! – de pessoas que passaram por nós enquanto ele tocava, a gente conseguiu contar na mão quantas pararam pra ver e saborear aquela música: 8 pessoas.

É uma pena que as pessoas não consigam entender o valor que tem a música, a cor que ela dá pros dias tão cinzentos que se tem na cidade.

😦

Os blogueiros da música tristes pela população da cidade

Mas…e a música?

Já falamos em um dos nossos últimos posts (https://mnm152ag7.wordpress.com/2015/06/06/musicos-quem-2/) quem são esses músicos de quem estamos falando, mas você ainda deve se perguntar: “O que tem a música de tão especial nessa nossa São Paulo?”A música ameniza o ambiente caótico de nossa metrópole, uma vez que reumaniza os paulistanos com suas notas, tirando-os da mentalidade de que devem sempre trabalhar para a cidade funcionar . Essa ideia é explicada por Tato Taborda em um episódio do programa Arte do Artista da TV Brasil. De acordo com Taborda, assim que o músico de rua começa a tocar, o som de seu instrumento se propaga em círculos, sendo amplamente escutado pelos transeuntes apressados que andam em uma trajetória retilínea. Com isso, essas pessoas param e formam círculos, parando suas vidas e caminhadas para escutar essa música, deixando de lado preocupações e deveres que existem em uma sociedade como a paulistana. Além disso, a música na rua atravessa, segundo Taborda, uma série de barreiras entre quem produz o som e quem recebe-o, já que não necessita ser patrocinada e levada para um público em um local preestabelecido, o que torna possível uma grande aproximação entre esses dois grupos, como nós mesmos tivemos ao conversarmos com músicos de rua.

Essa concepção da música como aliviadora do cenário metropolitano é abordada também no artigo “A Arte como trabalho na Avenida Paulista” (UERJ) de Tiago Marin, Elisa Hueb e Tatiana das Neves. Segundo eles, o músico ao desafiar um local com grande quantidade de barulho funciona como um mímico a distância e, como consequência, para ouvir sua melodia, os transeuntes devem aproximar-se dele e mais do que isso, é preciso esquecer-se da vida, de como chegou-se até ali e por que, para assim, a concentração na música ser a mais alta. Nesse momento, aquele que recebe o som já esqueceu daquela mentalidade de trabalho excessivo e mesmo que o horário seja o de pico, não percebe o caos ao seu lado.

Referências

TABORDA, Tato: A importância da música de rua: URL=http://tvbrasil.ebc.com.br/artedoartista/episodio/arte-do-artista-destaca-a-importancia-dos-musicos-de-rua

MARIN, Tiago Rodrigo; HUEB, Elisa Maluf; NEVES, Tatiana Freitas Stockler das: A Arte como trabalho na Avenida Paulista: URL=http://www.mnemosine.com.br/ojs/index.php/mnemosine/article/view/234; 2011

-Blogueiros Da Música

Músicos? Quem?

Já aqui falamos sobre os músicos de rua, que é nosso tema, mas falamos de alguém que não existe ainda. Não existe, porque não dissemos quem são esses músicos. Então este post tem o objetivo de explicar-lhes quem os são. A imagem que vocês devem ter dos músicos é aquele estereotipada de que eles são vagabundos, folgados, analfabetos, e que tocam nas ruas porque não conseguem fazer outra coisa da vida. Tiago Marin, Elisa Hueb e Tatiana das Neves explicaram da onde vem este estereótipo no artigo “A Arte como trabalho na Avenida Paulista” (UERJ). De acordo com eles, há uma visão de que a rua é um local irregular de trabalho, em que não há a necessidade de pagar impostos. Esta imagem faz com que os artistas de rua pareçam ser profissionais irregulares e não autorizados, meio ilegais, que usam as ruas às escondidas e vivem fugindo da polícia. Daí o primeiro estereótipo de vagabundos e folgados. A outra parte vem de uma incompreensão do público em entender a atividade deles: tocar na rua. A pressa nas ruas para ir do trabalho para casa e da casa para o trabalho num ciclo infinto, impede os transeuntes de apreciarem a arte, na maioria dos casos. E sem entender o porquê de tocar nas ruas estes passantes ficam com a ideia de que é por não conseguirem arranjar um emprego, talvez por serem analfabetos, ou talvez por serem folgados apenas. Um nobre exemplo dessa recusa da população em relação aos músicos é o do violinista Joshua Bell. Joshua é um dos violinistas mais famosos do mundo e numa noite, depois de um concerto, ele foi tocar em um metrô nos Estados Unidos. O vídeo a seguir demonstra o que aconteceu:

Mas será que eles são de fato esses vagabundos irregulares, que tocam nas ruas por desemprego? Pelas pesquisas da São Paulo Turismo, conseguimos encontrar um perfil socioeconômico dos artistas de rua baseado em entrevistas com eles. Mas note: são artistas de rua em geral e não somente músicos. Porém, isto não importa muito, uma vez que 61% desses artistas são músicos. Esta pesquisa foi feita com uma amostra de 104 aristas de rua e 20 grupos em todas as regiões de São Paulo: desde o Centro, Paulista e 25 de Março, até Moema, Liberdade e Anhangabaú. Estes artistas completaram, majoritariamente, o ensino fundamental e o médio e poucos são os extremos, que não estudaram ou que completaram o ensino superior e fizeram pós graduação. Além disso, eles são jovens (menores de 40 anos), homens, brasileiros e residentes de Sampa, sendo que a origem deles é do Sudeste e do Nordeste, basicamente. A maioria deles é solteiro, mas ainda há uma grande porcentagem de casados. E a concentração deles se resume ao Centro (70%) e à Paulista (12%). Segue a abaixo alguns dos gráficos construídos pela SP Turismo:

Perfil dos artistas de rua
Perfil socioeconômico 
Perfil dos artistas de rua
Motivação, ocupação e apresentações

Referências

MARIN, Tiago Rodrigo; HUEB, Elisa Maluf; NEVES, Tatiana Freitas Stockler das: A Arte como trabalho na Avenida Paulista: URL=http://www.mnemosine.com.br/ojs/index.php/mnemosine/article/view/234; 2011

São Paulo Turismo: Artistas de rua: levantamento e pesquisa de perfil; URL=http://www.observatoriodoturismo.com.br/pdf/artistas_rua.pdf; 2012

– Blogueiros da música

Quando as mulheres tomam conta da rua.

E aí galera!

No fim de semana, estávamos na Paulista pra fazer umas filmagens pro nosso argumento do documentário – que sai até o dia 12 desse mês, por sinal.

E sim, a gente sabe que devia focar no tema, MAS é impossível presenciar o que a gente presenciou sem se manifestar. Afinal, o propósito inteiro do projeto é fazer com que nos envolvamos com a cidade e tal. Lá vai então:

Presenciamos a Marcha das Vadias.

Pra você que não sabe, é um movimento feminista que luta pela igualdade de gêneros e direitos das mulheres, que ainda são muito marginalizadas na sociedade. Elas saem às ruas, em geral, sem medo de estarem topless, protestando principalmente contra a objetificação feminina.

Agora, você que pensou “bando de garotos tarados, foram lá só pra ver os peitos das mulheres de fora”, faça o favor de retirar-se do nosso blog, porque não é esse tipo de gente que não consegue entender a grandeza do movimento que a gente quer aqui. Já você que está interessado de verdade, fica aí e lê tudinho porque foi uma coisa absolutamente única que a gente experienciou.

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Primeiramente, é importante ressaltar esse nome que elas se dão. Por quê vadias?

“O movimento Marcha das Vadias surgiu no Canadá, batizado de Slutwalk. O movimento surgiu porque, em janeiro de 2011 na Universidade de York, um policial, falando sobre segurança e prevenção ao crime, afirmou que “as mulheres deveriam evitar se vestir como vadias, para não serem vítimas de ataque”. A reação de indignação foi imediata, pois esse pensamento transfere a culpa da agressão sexual para a vítima, insinuando que, de alguma forma, é a vítima que provoca o ataque”, como indica o blog da Marcha das Vadias, que vale a pena visitar, ainda que possa estar um pouco desatualizado. Além disso, o nome choca quem vê, trazendo a atenção para o movimento feminista, que tem uma coisa tão justa e mal compreendida.

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“Apesar da polêmica do nome, o movimento ganhou força, pois as mulheres refletiram sobre os usos e o poder da palavra “vadia”. Há muito tempo os homens têm usado a palavra “vadia” para justificar diferentes tipos de agressão. Afirmam que apanhamos porque somos “vadias”, que merecemos ser estupradas porque somos “vadias”. Que um decote ou uma minissaia nos tornam “vadias”. O termo “vadia” oprime nossa sexualidade, pois nos torna um mero objeto de satisfação sexual. Desta forma, usamos a força da polêmica da palavra “vadia” para ressignificá-la. “Se ser livre é ser vadia, então somos todas vadias” tornou-se o lema do movimento”.

Quem pode achar que não é justo, afinal?

Mas enfim, esse ano, elas estavam discutindo a questão do aborto, aqui em São Paulo, pedindo sua legalização.

“Bando de idiotas, usa proteção!”, pode pensar Um.

“Se a camisinha furou, azar seu!”, pode pensar Outro.

O que elas querem mostrar pro mundo é que Um e Outro têm a mente fechada demais pra discutir isso. E o mundo tá cheio de Uns e Outros.

E os estupros?

Os abusos?

Como ficam essas mulheres, incapazes de conseguir ajuda na própria justiça brasileira corrupta?

“Ah, mas pode abortar quando é estupro”, pensa Um Outro.

Na teoria, Um Outro. Na teoria, apenas.

Quando uma mulher é estuprada “por estar usando roupas muito curtas”, a culpa é dela.

A lógica do Brasil faz tanto sentido

Quando o estuprador justifica com “ela estava com roupas provocativas”, a causa é dele, ele ganha e ponto final, a moça tem um filho obrigada.

Pra quem não entendeu ainda:

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Bom, recentemente a nossa presidenta assinou a lei do Feminicídio, com penas mais severas para casos de violência à mulher.

E o tema da Marcha no fim de semana era “Aborto ilegal = feminicídio de Estado”. Faz todo o sentido, depois de um tempo de reflexão. Mulher que é estuprada é obrigada a ter um filho que a lembra do sórdido e sombrio passado de sua vida morre espiritualmente. Carrega em sua própria prole o fardo de ter que conviver com o estupro.

Elas entoavam coros como:

“Legaliza!

O corpo é nosso!

É nossa escolha!

É pela vida das mulheres!”

e

“ô ô ô Dilma,

você tá de que lado?

Da vida das mulheres

ou do Cunha e Bolsonaro?”

É algo pra se pensar, no mínimo.

Algumas coisas nos marcaram bastante nesse breve período em que passamos pela marcha:

1- o tamanho do movimento, muito maior que é (quando é) noticiado

2- a tentativa patética da Polícia Militar de reduzir a grandiosidade do movimento, dizendo que só havia 100 pessoas onde pelo menos havia mais de mil

3- a presença de homens! Sim, homens, tão fervorosos quanto as mulheres na busca pela justiça. Esse tipo de homem que traz esperança pra nós.

4- a distribuição de folhetos para que as pessoas entendessem melhor o que acontece.

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5- a quantidade de pessoas que passavam pela calçada e recusava o folheto, olhando feio para a manifestação.

Fiquem, então com o vídeo que fizemos. Por mais que a gente tenha ficado pouco tempo na manifestação, pegamos umas imagens bem boas!

Abraços a todos,

Os blogueiros da música que apoiam o movimento feminista.

P.S.: no vídeo, nós dizemos “aee Bolsonaro, Bolsonaro!”. É clara e absolutamente ironia, mas deixemos isso claro.

Viagens na Nossa Terra – O original!

Fala aí galera!

Magaldi aqui.

Primeiro de tudo, queria dizer que eu não vou mudar o post que eu fiz antes falando da impressão geral de cada dia, porque deu trabalho demais pra ser mudado agora, mesmo que ele já fale alguma coisas mais gerais sobre os dias 1 e 2 (https://mnm152ag7.wordpress.com/2015/05/10/os-tres-dias/). Quanto ao dia 3, já tem a video-reportagem sobre ele, então cliquem aqui no e assistam :).

Segundo de tudo, o post vai acabar sendo meio longo, então já peço desculpas aos que tem preguiça de ficar lendo. Prometo deixar com uma linguagem menos chata e cansativa do que o normal

Terceiro de tudo, vamos lá:


DIA 1

Acordei cedo pra &#!”% nesse dia, deviam ser umas 5 horas da manhã, porque meu despertador tocou mais cedo do que eu esperava (porque a anta que programou ele programou pra mais cedo do que precisava). Deve ter sido porque eu fiz isso umas 2 da manhã no dia anterior, então vocês podem ver, só escolhas boas que o gênio fez. Enfim, cheguei na escola no horário previsto, eram umas seis e pouco, deixei a mala de roupas e tal no ônibus fretado que ia levá-la pro hotel, e fui pro local onde estava o roteiro 1, em que eu me havia inscrito. Depois de algumas orientações gerais, não chamar atenção e tal, proteger bem as suas coisas, além de algumas normas de segurança que todos nós fizemos juntos (uma chamada coletiva e alguns grupinhos menores de 2 ou 3 pessoas pra tomarem conta umas das outras), saímos pra pegar o ônibus na Santo Amaro e ir ao nosso primeiro destino, o grupo, o João (nosso professor de literatura), a Thais (monitora de história) e o Josafa (monitor da Uggi, empresa de turismo que nos acompanhou na viagem).

*sobre essa de não chamar atenção, algumas meninas do nosso grupo simplesmente ignoraram e ficaram cantando O TEMPO TODO. Se vocês estiverem lendo isso, meninas, adoro vocês, mas qual é vai.

Nosso primeiro destino era a ocupação no antigo Hotel Cambridge. E o que eu tenho a dizer sobre ela é que foi realmente marcante e impressionante. Tem bastante coisa sobre isso no outro post, mas eu quero frizar que não é nada como eu esperava. A organização, a limpeza, os mutirões, a união. Foi bastante emocionante ver aquilo e perceber que a FLM (Frente de Luta pela Moradia) é muito mais do que gente indigente invadindo locais privados. É uma nação que procura justiça e direitos que deveriam ser concedidos sem a menor objeção.

Depois disso, fomos a pé ao CRAI – Centro de Referência e Acolhida para Imigrantes -, que ficava a poucos quarteirões dali. Meu amigo Vini errou o caminho algumas vezes mesmo olhando no Google Maps do celular e foi aí que as meninas começaram a cantar. Mas no fim deu tudo certo, e chegamos aonde precisávamos chegar. Eu tinha altas expectativas, trazidas pelo momento fantástico que passamos na ocupação, mas é… bom, não foi tudo isso não, nem perto pra falar a verdade. Uma pena, porque o lugar era muito bom e tinha um objetivo puramente social, demais. A visita foi chata não sei se por causa do sono e porque a mim realmente não me interessava muito. Quer dizer, é claro que vejo a importância do trabalho deles, é fundamental, e me preocupo com a situação dos imigrantes, mas só não tinha aquele algo a mais, sabe? Pelo menos não foi muito longa a visita. E se eu pareço meio rude falando sobre o CRAI, espera só mais um pouco até eu falar da Vai-Vai

Enquanto o Vini se perdia mais um pouco e as meninas continuavam a cantarolar, andamos até a sede da Vai-Vai, e eu pensei que ia ser daora, por mais que não aprecie carnaval. Galera ensaiando, uma barulheira, carros alegóricos e tal. MAS QUE NADA, sonho meu. Ô lugarzinho morto, o inferno possuindo escola de samba. Era uma sala vazia, com a bandeira da escola e os troféus que ela já ganhou. Galera ensaiando? Que nada. Silêncio absoluto. Carros alegóricos? Vish, nem sinal. Pelo que eu entendi eles tavam do lado do sambódromo, sei lá. E como se um lugar chato não fosse suficiente, pessoas chatas entraram.

Foi a morte lenta.

Com todo o respeito (se é que ainda posso chamar isso de respeito sem ser hipócrita), mas foi muito, muito, muito chato. Tipo, muito. Primeiro entrou uma mulher pra falar com a gente, entrou meio quieta, sem falar nada. Acho que o nome dela era Nilza, mas não tenho muita certeza não. Ela então desenbestou a falar. E falou, e falou, e falou, e falou mas sem sair do lugar. Chegou depois um homem. O nome dele era Liberto. Os dois eram diretores do lugar, faziam parte do grupo de chefões. Bom, mas ele falava também demais e demais e demais. Ele começava a falar com um grito, certeza que era só pra me acordar do meu estado vegetativo, daí abaixava a voz pra gente ter que se esforçar pra ouvir ele falar. E era meio surreal, non-sense o que eles falavam. Ele começava a falar, ela interrompia falando mais alto e ele abaixava a cabeça e continuava falando baixinho, baixinho, só pra ele ouvir. Foi uma loucura. Ainda por cima, bem no começo da conversa, a Nilza mencionou que o lugar em que iríamos almoçar era divino, maravilhoso, foi descrevendo as comidas, e continuou falando por o que pareceram ser treze horas e meia. Acho que eles não entenderam muito bem o propósito de nós termos ido lá. Na verdade, acho que eu não entendi o propósito de termos ido lá.

Mas depois conseguimos sair de lá, finalmente, e o Vini se perdeu, e as meninas cantavam (acho que foi por aí que criaram o nome do grupo, Viagens na Nossa Terra, teve até musiquinha com o nome), e chegamos à cantina Conchetta, no coração do Bixiga. E não é que a Nilza estava certa? Comida maravilhosa, nunca vi. E com direito a panelaço, foi muito divertido (e muito, mas muito barulhento, deu até dor de cabeça).

Depois do almoço seguimos pra um museu da história do Sr. Walter Taverna, criador da Conchetta e de vários outros símbolos de São Paulo e do Bixiga. O guia de nossa visita deixou bem claro que Walter não só tinha ideias, mas as tornava realidade, e nos disse para fazer o mesmo: seguir nossas ideias e intuições. Bem óbvio, mas faz a gente pensar, né?

De lá, fomos a outra galeria de arte, que foi bem mais legal, por sinal. Tinha uns artistas meio alternativos, uns LPs de bandas mais recentes mas que estão fora do grande mercado, e que som maneiro que essas bandas tinham. Não entendo até agora porque eu não comprei.

Depois disso, fomos visitar uma Igreja barroca, Nossa Senhora da Boa Morte, e era muito bonita. Mas a parte mais incrível é que o grupo, barulhento como era nas ruas, fez um silêncio inacreditável do momento em que pisou dentro da Igreja do momento em que saiu. Respeito, mandamos bem.

Então íamos para a companhia de teatro Fofos Encenam, e o Vini errou o caminho, e as meninas cantavam e cantavam, mas deu tudo certo e chegamos lá. A companhia de teatro alternativo era muito legal, tinha uma desposição diferente de plateia, não tinha uma palco definido, era bem interessante.

Íamos ver a Vila Itororó, mas estava fechada em processo de restauração, então só pudemos ver de longe.

Voltamos, então, pro hotel, jantamos e demos aquela descansada. Depois de comer, fui à oficina de parkour na praça Roosevelt, que foi bem daora. Os instrutores eram incríveis e passaram uns movimentos bem difíceis, uns saltos meio loucos, mas (quase) ninguém se feriu.

E acabou o dia, todo mundo cansado à beça.


DIA 2

Acordamos cedo, bem cedo pro nível de cansaço que a gente tava, e saímos do hotel lá pelas sete, oito da manhã.

A gente tinha que chegar na 23 de Maio, pra ver os grafites nos arcos, o que estava só alguns quarteirões disitante, mas demoramos quase três horas. E vai aqui a razão disso:

O monitor da Uggi que estava com a gente nesse dia, o Gui, é grafiteiro. A gente parou pra ver tudo que estava ao nosso redor, todo tipo de arte que colore as ruas da cidade cinza em que vivemos, e foi uma experiência bem diferente e interessante. Colocamos em vista a perspectiva do que é arte, do que é grafite e pichação, e de porque o grafite é mais valorizado.

Chegamos finalmente ao mural d’Os Gemeos, e ver aquilo de perto foi bem diferente do que ver por fotos ou filmes. A sensação de estar vivendo a cidade é muito mais prazerosa.

Fomos então à exposição na Galeria Vermelho, mas descobrimos ao chegarmos lá que não tinha exposição coisa nenhuma, estava em processo de desmontagem e, assim, não vimos nada.

Almoçamos no Sesc Pompeia, onde vimos logo depois a exposição “Terra Comunal”, da Marina Abramovic. Péssima. Ela pelada pulando, batendo no marido, comendo cebola crua e o pior vídeo era o dela lavando um crânio, juro, coisa mais do mal que já me aconteceu. Perturbador de uma forma nova, desgastante, vislumbrante mas sinistra.

Demorou, mas graças e algum deus saímos de lá e fomos para a galeria de arte A7MA, onde conhecemos o Enivo, grafiteiro do Grajaú que ficou famoso com suas obras. Ele nos mostrou toda a exposição, além do Beco do Batman, nos contando a história de cada um dos grafites. E o cara é humilde, super gente boa, falou na moral com a gente, se abriu pra caramba, e foi bem legal.

Voltamos pro hotel, descansamos e tal, e à noite teve um sarau bem divertido com todo mundo que foi pro estudo do meio. Ficaram falando pra eu ir tocar violão lá, onde já se viu, até parece que não sabem que eu sou tímido, tá louco. Mas foi bem legal sim, até o nosso coordenadores tocaram e cantaram!

Acabou aí o dia dois.


DIA 3

Nesse dia, tivemos o roteiro surpresa com as pistas, e eu já postei o vídeo mostrando o que aconteceu! Mas é legal também falar do que fizemos todos no final desse dia: fomos à Vila Maria Zélia assitir a uma peça de teatro do Grupo XIX, chamada “Hygiene”, que retrata a situação dos operários de São Paulo quando se instaurou a política de higiene na cidade. Foi bem interessante!

Voltamos, depois, à escola, e ficou por aí o estudo do meio.


Eu acho que deu bastante certo.

A experiência realmente nos aproximou todos da cidade, aquela ideia da cidade super violenta, cinza, uma desgraça, passou. Pelo menos por enquanto.

Aquela ideia de transporte público que não funciona, evaporou. Fomos pra todos os lugares que precisávamos sem dificuldade nenhuma e sem atrasos significantes.

Foi realmente marcante andar pela cidade e poder senti-la como nossa de fato pela primeira vez.

“Ah, agora eu sei tudo sobre São Paulo” seria uma mentira muito grande. Eu conheci um pouquinho da cidade, e só entendi de fato por conta dos guias e professor que acompanharam a gente. É uma pena serem só três dias. Quer dizer, é isso que importa de fato de conhecimento de vida e já acabou. Mas acho que era só a faísca. Agora fica por conta própria.

Pra você que leu até agora, meus parabéns, não sei como você aguentou.

Abraço especial pra você, e até mais!

Magaldi

Viagens na minha São Paulo

E ai pessoal,

To de volta, hoje com uma missão mais objetiva: relatar os três dias.

Vamos lá…


Dia 1:

Acordei bem cedo, lá pelas 5:00 da manhã, pra chegar as 6:00 na escola. Chegando lá, coloquei minha mala no lugar que me falaram e me reuni com o meu grupo, o grupo 7 (o melhor de todos). Depois de receber instruções e um bilhete único, saímos da escola e fomos até o Terminal Fiandeiras, na Avenida Santo Amaro, onde pegamos o ônibus que eu pego para ir para casa, o 6913-10, até o Terminal Bandeira, onde deveríamos descer e caminhar até a Rua José Bonifácio. Nesse terminal, ficamos um pouco perdidos, mas no final conseguimos chegar na José Bonifácio. Nessa rua, fomos em uma ocupação pertencente ao movimento Frente de Luta por Moradia (FLM): image

• Uma ocupação, de forma sucinta, é um local habitado por pessoas que precisam de um local para morar. Importante: essa prática não é ilegal, há um artigo na Constituição Federal que a viabiliza.

Na ocupação, conversamos com Ronaldo, responsável pelo prédio que visitamos. Ele era muito simpático, além de explicar como tudo funciona (inclusive deu a definição acima de ocupação), fez um “tour” com a gente pelo lugar, mostrando os andares e o seu próprio quarto. No final, fomos ver um terraço que tinha, onde se podia ver parte do centro de Sampa:

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Bom, depois da visita, fomos andando pelo centro até a Galeria Olido. Nessa galeria, são exibidos filmes e concertos, além de exposições ( quando fomos tinha uma exposição ligada à circos), mas o mais legal do lugar era uma mini biblioteca, onde você pode pegar um livro para ler em uma sala, tudo gratuito.

Depois da galeria, fomos até a rua lateral, conhecida como Point Pixo, por conta das inúmeras intervenções na forma de pixe e graffiti, é um lugar muito daora:  image

Depois disso, pegamos o metrô e fomos até a Av.23 de Maio, local famoso pelo seus arcos grafitados e pelos inúmeros painéis aprovados pela prefeitura. Como já era quase 13:00, fomos até a Barra Funda de metrô para almoçar no Sesc Pompéia.

O Sesc Pompéia é um local onde existe um restaurante com um bom preço e diversas divulgações culturais. Nesse dia, vimos a exposição da Marina Abromovich, mulher muito doida, mas que mexe muito com a nossa cabeça.Além disso, participamos de um encontro em que podíamos nos pintar e acabamos ficando inteiros cobertos de tinta…

Ainda pintados, saímos do Sesc e fomos de ônibus até a Galeria A7MA, na Vila Madelena. Lá, vimos algumas exposições e também demos um passeio com o artista Enivo pelo Beco do Batman, beco inteiro grafitado, realmente muito bonito! Olha ai o grupo pintado: image

Saímos da galeria umas 17:30 e fomos direto para o Metrô Fradique Coutinho, onde pegamos a Linha Amarela até a República, estação próxima do hotel.

Após um descanso no hotel, saímos a noite e caminhamos até a Praça Roosevelt, onde eu fiz uma oficina de Break, o que foi muito legal. Não tinha noção o quão difícil e irada era essa dança.

Dia 2

O segundo dia foi o dia da pedalada:

Acordamos cedo e lá pelas 8:00 já estavamos pedalando. Saímos do centro em direção a Água Branca, onde está localizada uma sede da CET. Demoramos umas 2 horas e meia até chegar lá, mas foi muito legal andar de bike na rua e na ciclofaixa!

Na CET, vimos uma palestra relacionada a locomoção em São Paulo. Foi interessante conhecer algumas regras e placas que eu não fazia ideia que existiam. Por conta do horário, não tivemos muito tempo na CET, mas valeu a pena conhecer um pouco mais sobre o transito em Sampa.

Depois da visita, continuamos de bike até a Vila Madalena. No começo, parecia que ia ser fácil, mas então chegou o terror: a Avenida Sumaré. Apesar de não parecer tão inclinada, é muito osso subir aquela avenida…Foi muito cansativo, mas fiquei muito feliz porque consegui ficar o trajeto todo em cima da bike, não empurrei a bike em nenhum momento. Depois da Sumaré, o caminho ficou muito mais fácil, chegamos em pouco tempo no restaurante Maha Mantra, o qual tem um estilo diferente: orgânico e vegetariano.

Apesar de meus colegas terem reclamado, eu curti muito o restaurante; a comida estava suculenta. Mesmo sem carne, meu almoço foi muito bom!

Saindo do restaurante, fomos, ainda de bicicleta, até o Parque do Povo,do lado da Ponte Cidade Jardim, via ciclofaixa da Av.Faria Lima. Essa ciclofaixa em especial é muito legal, porque ela é entre os dois sentidos da avenida, então não tivemos que nos preocupar tanto com os carros.

No Parque do Povo, conversamos com Cadu, membro de um Café Bike, o Aro Meia Zero, e de algumas ONGs relacionadas com bicicletas. Foi muito interessante conversar com ele depois de um longo dia andando de bike em São Paulo:

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Foto tirada por Pedro Kalil

Depois da conversa, fomos até o Teatro Vento Forte, teatro que eu nem sabia que existia e que é  praticamente ligado ao Parque do Povo. Lá conversamos com o responsável do teatro, um senhor chamado Ilo Krugli que contou diversas histórias para nós. Terminada a visita ao teatro, pegamos um busão até o Terminal Bandeira e depois caminhamos até o hotel.

Durante a noite, fomos até uma casa de shows, onde fizemos um sarau. Foi muito louco, todos tocaram e cantaram muito bem! No final, me arrependi de não ter tido coragem suficiente de ter tocado alguma música…acontece né.

Dia 3

Na parte da manhã fizemos o roteiro surpresa. Tudo relacionado a esse roteiro está no meu último post, acesso aqui: https://mnm152ag7.wordpress.com/2015/05/17/261/ , que tem inclusive um vídeo muito legal sobre a manhã do 3° dia.

Depois do roteiro surpresa, fomos almoçar na churrascaria Bovinu’s, como recompensa aos que reclamaram do Maha Mantra no dia anterior. Devo admitir que o almoço foi muito bom, mas o do Maha Mantra também estava espetacular. Ainda deu tempo de comermos um doce português na Casa Mathilde em frente ao Edifício Martinelli.

Terminado o almoço, pegamos o metrô e o busão até a Vila Maria Zelia, localizada no Brás, onde vimos, junto com todo o 2° ano, uma peça do Grupo XIX de Teatro, chamada Higiene. Essa peça, diferente de outras, interage fisicamente com o público, andamos com os atores pela vila enquanto eles encenavam, eles faziam perguntas para nós, de modo que acabamos participando da peça inteira. Foi muito interessante e ainda tivemos uma conversa com os atores, o que foi muito legal. No final, alguns alunos e professores disseram algumas palavras sobre os três dias, o que deixou todos muito tocados. Depois da conversa, voltados para a escola de ônibus fretado todos exaustos, mas muito felizes com o resultado desses três dias, que foram só o começo/meio do projeto.


Para concluir, queria regastar um pouco do que pensei durante as falas comoventes do final do terceiro dia. Bom, acho que a viagem me proporcionou muitas coisas, mas a que mais me marcou nesses três dias foi a possibilidade que eu tive de abraçar a cidade. No final, por mais bobo que pareça, ao abraçar a cidade, senti que ela me abraçou de volta. Criei uma nova relação com Sampa que espero alimentar cada vez mais nesse projeto, uma relação de amizade e reconhecimento, porque agora, mais do que nunca, me sinto um paulistano com vontade de descobrir a minha cidade…

Um abraço.

-Reale

O Roteiro Surpresa!

E ai pessoal,

To aqui para falar sobre o meu 3° dia, o do roteiro surpresa, como eu disse no meu último post.

Bom, nesse dia saímos do nosso hotel e caminhamos até a Praça Roosevelt com o Fepa, o Gui e o Diego. Lá, o Fepa disse para gente que naquele dia o roteiro seria de pistas, as quais tinham sido feitas por ele ( a real é que tavam bem difíceis), e que devíamos achar a resposta perguntando pras pessoas na rua, mas por conta do tempo curto, depois de 40 minutos na pista poderíamos pesquisar nos celulares. Cada pista tinha um contexto de um lugar e uma foto de uma parte desse lugar, sendo que quando ( ou se) achassemos a resposta devíamos ir até o lugar que a pista mostrava e lá tinhamos que tirar uma foto de outro ângulo.

Agora, vou falar um pouco de como foi nosso percurso nesse roteiro.


Pista 1

Já queria dizer que essa pista foi a mais osso de todas. Recebemos essas informações:

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Depois de analisar tudo, decidimos ir em um lugar que achavamos que era parecido com a foto. O Teatro Municipal foi o mais votado e nos digirimos para lá, mas no caminho perguntamos para um grupo de policiais se conheciam o lugar ou se sabiam a resposta, e eles nos falaram que não sabiam a resposta, mas que tinha a Biblioteca Mario de Andrade no final da rua, onde a gente iria encontrar a resposta. Chegando na biblioteca, perguntamos para uma bibliotecaria se ela podia nos ajudar com a pista e ela só batendo o olho já disse toda a resposta, o que foi meio constrangedor, porque do jeito que ela falava parecia tudo muito óbvio.

Com a resposta em mãos fomos até a Faculdade Mackenzie, na rua Maria Antônia, onde achamos o local da foto( o prédio em frente a faculdade) e falamos a resposta para o Fepa:

A pista refere-se a Batalha da Maria Antônia datada de 1968. Esse conflito foi entre alunos da Mackenzie e alunos da FFLCH ( Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP), o qual se iniciou quando um mackenzista atirou um ovo podre em uma aluna da USP quando essa cumpria o seu pedágio na rua, o que levou a revidada com pedras e tijolos por parte de outros alunos da USP. O conflito se iniciou com esse ato, mas tem na verdade um cunho político: os mackenzistas apoiavam o governo militar, de extrema direita, ( alguns alunos até faziam parte de um programa governamente de caça aos comunistas) enquantos os alunos da FFLCH eram de esquerda, contrários ao governo da época.

Com essa resposta, o Fepa nos deu a segunda pista…

E aqui vai a minha foto:

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Pista 2

Essa já foi mais fácil:

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Levando em consideração a palavra “vestibular” e o contexto já imaginamos que seria uma faculdade católica, como a PUC( Pontifície Universidade Católica). Para não ir no achismo, nosso grupo se dividiu e uma parte entrou na Mackenzie e perguntou para um grupo de alunas se sabia qual era resposta. Elas logo responderam que era a PUC, mas não sabiam a história exata da invasão, mesmo sabendo com toda certeza que era a PUC.

Após perguntar pela rua sobre nossa locomocão até a PUC, pegamos um ônibus elétrico e após caminhar muito em Perdizes chegamos até a faculdade. Durante o trajeto o tempo para usar celulares havia sido atingido e conseguimos a resposta via internet. Na PUC tiramos nossas fotos e falamos a resposta para o Fepa:

A invasão ocorreu em 1977 durante uma assembleia entre alunos dentro da faculdade. Essa assembleia era uma reunião para discutir o protesto que seria feito ao cerco policial sobre os alunos da PUC, da USP e da FGV, que havia ocorrido no dia anterior para impedir o Encontro Nacional dos Estudantes. As forças policiais invadiram a faculdade agredindo alunos, professores e funcionários da PUC de modo a impedir a assembleia, porque naquela época de ditadura, toda reunião com intuito de contrariar o governo era interrompida para impedir possíveis revoluções.

Ainda na PUC, para conseguir a outra pista tivemos que ir até o pátio da faculdade, onde há uma grande cruz( símbolo religioso, como dizia na pista). Lá, recebemos a 3° pista.

OBS: Minha foto da estátua por outro ângulo:

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Pista 3

Infelizmente não conseguimos fazer a pista 3 por conta do tempo curtíssimo. Na PUC usamos nossos celulares para descobrir a resposta dessa pista:

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O Parque em questão seria o Parque Zilda Natel ( Av. Dr. Arnaldo 1250), o qual é repleto de pistas de skate e cheio de artes visuais, como pichações e grafites.

Ali mesmo no pátio da PUC, recebemos a pista 4.
Pista 4

Essa pista foi a mais rápida, porque um dos alunos do grupo sabia muito sobre o assunto:

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Bom, a resposta é o Edifício Martinelli, localizado no triângulo formado pela rua São Bento, avenida São João e rua Libero Badaró, perto do Metrô Anhangabaú. Para chegar até lá, caminhamos muito, de Perdizes até o Metrô Barra Funda, onde pegamos a linha vermelha e fomos até o Metrô Anhangabaú. Andamos um pouco e já estávamos em frente ao prédio.

Sobre o Edifício Martinelli: Desenhado por Vilmos Fillinger, já foi um dos maiores prédios em São Paulo. Tem 39 andares( no vídeo vai dar para ver que nosso amigo sabia quase tudo…), o que foi impressionante para a época, mas inclusive por ser uma inovação gerou certo medo naqueles que estavam pensando em comprar um apartamento lá. Para provar que o prédio era seguro, a família Martinelli construiu sua casa no topo do arranha-céu, a qual é muito marcante por sua cor rosa:

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Galera, nesse dia, além de tudo isso, também fizemos um vídeo que gravou todo nosso trajeto, inclusive as respostas. Está muito legal, deem uma olhada:

Abraços.

-Henrique Reale.