Mas… o que achamos do projeto?

Fala pessoal, como vocês estão?

Então, estamos aqui mais uma vez, todos juntos, para finalmente dizer em um post o que achamos do projeto.

Mas antes, temos que deixar claro que tivemos divergências de opiniões, nada muito distante, mas que ainda são diferenças, o que torna um pouco mais difícil escrever um post coletivo. Isso ficou muito claro com os posts individuais desse mês, em que já expusemos sutilmente o que achamos do projeto. Mas, pra deixar mais claro, estamos deixando esse post, que reúne a opinião dos quatro integrantes.

Primeiramente, devemos dizer que aprendemos sim com o MNM e que tal aprendizado foi positivo. Depois de todo processo, estamos mais livres, temos vontade de ir em lugares de São Paulo que nunca fomos e o mais curioso, percebemos alguns esteriótipos que tínhamos e com isso, pudemos desconstruí-los. Outra coisa interessante foi o nosso amadurecimento, aprendemos coisas que nunca pensávamos que existiam, conhecemos pessoas que antes ignorávamos, ficamos mais próximos de Sampa, o que é sim, positivo.

Entretanto, nada é perfeito e então, devemos levar em conta aquilo que consideramos como aspectos negativos também. O que não gostamos muito no projeto foi o próprio documentário, deu realmente um trabalho imenso, mas não achamos que fomos recompensados, e não estamos falando da nota, apesar dela ser sempre uma pulga atrás da orelha. A produção do nosso documentário foi tranquila, tivemos poucos conflitos, mas não nos sentimos realmente conectados com o resultado final e comparando com o que aprendemos nos três dias de viagem, o processo de filmagem teve uma menor participação na mudança na nossa relação com São Paulo. Para nós, as partes mais legais foram as que promoveram grandes mudanças e como a parte da filmagem não nos promoveu muito disso, acabamos ficando um pouco decepcionados, muito trabalho para pouca recompensa, em relação as filmagens.

Levando em consideração esses pontos, chegamos à conclusão de que o projeto foi legal, mas não tanto quanto esperávamos no começo do ano. Entretanto, não vamos apenas deixar essa conclusão aqui, também queremos deixar algumas dicas para o ano seguinte.

Esse ano fomos todos cobaias (risos), porque nunca tinha sido feito um documentário no MNM. Uma dica para o ano que vem seria deixar um pouco mais sutil o gênero, talvez um filme mais curto, como nos anos anteriores, mas que consiga envolver os alunos com seus temas. Outra dica seria ser um pouco mais aberto em relação ao blog, sentimos muita pressão sobre o blog, o que não nos deixou muito confortável escrevendo nele. Mesmo com essas dicas, queremos dizer obrigado por essa experiência que, mesmo com seus contras, trouxe mudanças na nossa relação com São Paulo, e achamos que é por isso que o MNM deve continuar existindo.

Abraços a todos,

  • Os Blogueiros da Música, reunited once more.

Reflexões conjuntas – nosso trabalho ficou o melhor que dava pra ficar?

Faaaala pessoal, tranquilo demais?

Aqui ta tudo na paz.

E somos todos nós, juntando-nos para o que é o provável último post em conjunto.

😦

Mas a vida segue, então vamos começar pra ganhar tempo:

Bom, o projeto MNM tá quase no fim e agora nos resta refletir sobre o que a gente fez como um grupo e o que poderíamos ter mudado e/ou mudaríamos depois de concluído o documentário.

A gente sabe que acompanhou o projeto com muita dedicação e aprendeu muito com ele, siceramente, como a gente já falou em posts individuais ao longo dessa semana. Mas, depois de nos reunirmos umas quatro vezes pra discutir depois da entrega do documentário, ficou claro pra gente que a gente poderia ter feito tanto a mais.

Primeiramente, deliberamos sobre a escolha do nosso tema. Sim, uma coisa tão primordial no trabalho quanto essa entrou mesmo em discussão após seu fim. O Feliz ficou até hoje ressentido que não fizemos sobre travestis, mas os outros três chegaram em uma dúvida um pouco mais crucial: será que deveríamos ter abordado todos os tipos de artistas de rua, não somente os músicos? Quer dizer, faria muito sentido. Somos “o artista da metrópole”, não “o músico da metrópole”, e até entrevistamos um ator de rua no nosso mini-doc! Mas também pensamos que isso poderia tornar o tema muito abrangente e vago, tornando o documentário uma visão nem um pouco aprofundada da realidade, e quem quer isso?

Outra coisa que discutimos foi o nosso real empenho no projeto. Na nossa cabeça, tava tudo perfeito, fizemos e tudo que dava e show de bola. Mas a gente percebeu que não, que parece que faltou um tchan. Por exemplo, poderíamos ter feito mais entrevistas formais com músicos, pra pegar mais e mais interessante material. O que a gente conseguiu foi bom, mas será que foi o melhor que dava?

Por último, a edição: nós temos que admitir que ficou boa, não ficou ruim não. Mas talvez, quem sabe, teria sido melhor deixar menos cenas ininterruptas dos nossos entrevistados falando, colocando umas cenas da cidade, ou ilustrando o que eles tavam dizendo, talvez. Mas o trabalho de sincronia de áudio e imagem ficou incrível e, no geral, a edição ficou boa sim.

Artista ou músico?

Mais entrevistados?

Edição mais evoluída?

Quem sabe, poderíamos ter feito um trabalho melhor. Mas isso não nos impede de ficar orgulhosos com o nosso produto final, tão trabalhoso (e já já liberado para que postemos aqui no blog).

Fizemos um bom trabalho – com seus defeitos, mas defeito tudo tem.

Estamos sim orgulhosos.

E com razão.

Os blogueiros da música, reunited once again

Professores magnânimos

Desde que nascemos somos submetidos a acreditar, cegamente, nas construções sociais que as instituições promovem. E como uma criança nascida dum berço d’ouro, estas construções parecem ser até mais fortes. Então desde pequeno meus pais me dizem a estranha frase: “não fale com estranhos!”, o que gerou em mim um tremendo medo dos desconhecidos das ruas; desde meus anos pueris eu vivo dentro de muros e grades que me separam da cidade, como se ela fosse um mal pungente, que poderia me ferir, matar, estuprar, raptar, roubar… O que gera em mim medo do ambiente em que vivo. Como era criança, não tive a capacidade de definir o quão cuidadoso eu deveria ser com o meio urbano e acabei levando isto ao pé da letra: “Tudo aquilo que está fora do meu mundo (minha casa, minha escola, meu clube, etc.) é perigoso”. O resultado é que um medo ao desconhecido foi me abarcando e me retraindo cada vez mais ao universo e o mundo “”””””””””seguro””””””””””, o qual foi se tornando o único mundo passível de ser vivido.

Com o tempo, fui percebendo que não; que o mundo não era somente aquela bolha casa-escola-clube-amigos-shoppings. Comecei a achar os meus pais ‘noiados’ demais com essa ideia de segurança, apesar de entender que de fato há uma certa violência onde vivo. Decidi então me deixar submergir ao meio urbano de São Paulo e tentar negar toda aquela tradição do medo que as instituições me impunham. Se funcionou? Sim, estou vivo até hoje e não me arrependo de nada. Percebi com o tempo, que o mundo era muito mais que o meu mundo; percebi que existiam outras pessoas, outras realidades, com outras histórias e outros contextos que eu poderia desfrutar também, mas que isto seria possível somente pelo contato com o diferente.

Chegou então o Móbile na Metrópole. No começo deste ano, eu me considerava já bem inserido em São Paulo, um real cidadão, pois eu “não tinha preconceitos” e estava “disposto a abraçar o mundo”. Boto estas falas entre aspas, pois eram falas que eu mesmo dizia. Quando comecei o projeto, portanto, achava que ele nada iria acrescentar a mim. Porém, o choque entre a maneira como achávamos que a população via os artistas de rua e como elas de fato os viam, me fez perceber que eu ainda tinha muitos preconceitos; que eu ainda adquiria verdades como inexoravelmente certas sem muito pensar a respeito. Este embate entre teoria e prática demonstrou que ainda havia muito a caminhar na minha relação com a cidade. Percebi que deveria deixar a minha arrogância de lado, ser mais humilde e encarar as pessoas sempre como uma novidade, ou seja, não tentar rotulá-las de modo maniqueísta (como “boas” ou “más”), mas, sim, olhar para elas sempre como uma interrogação que apenas uma relação de igual para igual iria trazer à luz.

Portanto devo muito ao Móbile na Metrópole por ter me ajudado a dar um passo adiante na minha relação com a cidade e por ter me tirado da conformidade e da arrogância. A caminhada para a construção de uma cidadania melhor para mim poderá ser levada adiante por outros fatores, que só poderão acontecer devido ao ganhos do MNM.

Fiquei entre dúvida se deveria acabar este post com esta declaração ou se pareceria muita puxação de saco fazer isto, mas quanto mais eu pensava, mais me parecia certa a ideia de fazer tal declaração. Então quero agradecer aos meus professores criadores deste projeto pela oportunidade e pela experiência. Devo muito a vocês. E quero destacar a minha admiração e reconhecimento pelo trabalho de vocês, não somente pelo Móbile na Metrópole, mas por tudo que vocês fazem e já fizeram em sala de aula. Obrigado a todos meus professores e um especial carinho ao André, o Fepa, o João e a Teresa.

  • Ricardo Feliz Okamoto

Pra SP, com todo meu amor

E aí pessoal, tranquilos ?

Junqueirinha aqui, hoje falando sobre como o projeto mudou a forma como eu me relaciono com minha querida São Paulo. Assim sendo, bora pro relato.

O projeto inteiro contribuiu pra melhor minha relação com a cidade, claro, mas com certeza os 3 dias de Estudo do Meio foram os mais impactantes. Cada dia eu me sentia mais perto das diferentes realidades que SP apresenta, sempre me surpreendendo pela minha alienação em relação à tudo aquilo. Demorou muito pra que eu conseguisse absorver toda aquela realidade nova, perceber que aquelas perspectivas dividiam espaço com o meu modo de ver e viver São Paulo.

O bom de ter encarado de forma tão radical tais diferentes São Paulos é que vários dos meus preconceitos, dos meus esteriótipos, foram rompidos. Não tem nada melhor do que se sentir parte do local onde você mora. Todos nós somos uma metonímia de SP, cada um sendo essencial pra formar aquilo que chamamos de lar.

Assim como essa preguiça é um com o cosmos, eu sou um com SP.

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Um abraço,

Junks

Andar à toa na minha Santa Sampa

Fala galera, Magaldi aqui de novo.

Bom, eu devo admitir: embora o projeto tenha tido seus defeitos e coisa e tal, foi bastante impactante e isso é indubitável. Os três dias de viagem pro centro foram os mais marcantes, obviamente, mas foram só o começo de envolvimento muito mais profundo com a nossa cidade.

E isso parte de coisas simples e mundanas, tais como pegar o ônibus na Santo Amaro pro começo da viagem. Eu nunca tinha me imaginado fazendo aquilo. Imagina, eu, jovem de classe média, pegando o ônibus simplesmente porque sim, porque era o jeito que dava. E na hora aquilo não me pareceu tão estranho quanto eu pensei que ia. Foi até bastante trivial, uma ação comum que as pessoas realizam e que eu tava reproduzindo com bastante naturalidade. Aí eu percebi que eu não era muito diferente de todo mundo. Na verdade… nem um pouco. Éramos todos cidadãos simplesmente exercendo nosso direito de ir e vir com transporte público. Nada paranormal. Eu entendi, então, que pegar o transporte público é normal, é mundano, é natural e é mais barato e mais rápido, inclusive. Desde então, não tenho a audácia de dizer que mudei completamente, mas sempre que preciso pego o metrô. É tão melhor e mais fácil, mas eu antes insistia em complicar com medos, talvez justificáveis, mas muito bobos.

Um ponto que eu diria que promoveu maior transformação em mim foi a relação com a cidade, as pessoas e a rua. Desde o dia em que fui à Paulista fechada pra carros, principalmente (que baita dia), pude entender o que é morar numa cidade tão enorme e diversificada quanto São Paulo e vivê-la de perto, como se (tcha-nan) morasse nela. A quantidade de pessoas, fazendo tudo que queriam, vivendo, comunicando-se, fazendo amizades, ouvindo músicos fenomenais, enfim, exercendo a cidadania.

Olhem que coisa maravilhosa!

Olhem que coisa maravilhosa!

Eu me sinto mais livre pra andar pela cidade. Não tenho mais medo de todo mundo que eu vejo, pego o metrô e ônibus mais tranquilo, sei que as maravilhas que a cidade tem a me oferecer compensam as dificuldades e perigos.

Agora, depois de longos dezesseis anos, eu entendo o que é ser paulistano. Claro, ainda tenho muito o que aprender e viver na Sampa, mas sinto que dei um passo considerável. Tenho maior ciência do que significa ser cidadão, e isso é imprescindível para qualquer morador de cidade grande.

Um beijo e dois queijos,

Falou e até mais.

Magaldi

Eu e minha querida Sampa

E ai pessoal, como foram no Enem? Fiz a prova como treineiro, mas me senti bem cansado. Esta imagem diz tudo:

ENEM3

Bom, estou aqui, escrevendo outro post, para contar para vocês, queridos leitores, como está minha relação com São Paulo após os três dias e após o MNM como um todo.

Em primeiro lugar, gostaria de confessar que a minha relação com São Paulo mudou radicalmente com os três dias. Depois de perambular com o Grupo 7 por três longos dias, passei a enxergar a cidade com outros olhos. Como disse em um de meus relatos, muitas das coisas que não reparava, passei a reparar. Perdi preconceitos, principalmente em relação à arte, uma vez que o roteiro do grupo tinha a arte de rua como tema principal. Após os três dias, fiquei realmente com vontade de sair por São Paulo para encontrar informações sobre o meu tema. Deu vontade de ir para a Paulista, de conhecer pessoas que nunca imaginei que pudessem ser tão interessantes. Perdi até o medo de andar de transporte público, o número de vezes que andei de ônibus e metrô para ir para casa aumentou muito.

Durante as filmagens, tive contato com pessoas incríveis, o que ajudou na minha relação com São Paulo. Algo muito importante que ocorreu foi a percepção e a desconstrução de um estereótipo que tinha, o com os próprios músicos. Com o passar do tempo, à medida que realizávamos mais entrevistas e conheciamos pedestres e músicos de rua, percebemos que nós quatro, os integrantes do grupo, tínhamos, no fundo, a impressão de que os músicos estavam na rua pelo dinheiro e a partir dessa noção, desconstruímos o nosso estereótipo para assim fazer o mini-doc. Entretanto, não conseguimos colocar toda essa mudança no mini-doc e no blog, justamente por conta da decaída que tivemos em relação ao projeto , como disse no meu último post. Essa decaída se deve, em linhas gerais, porque estávamos com altas expectativas de recompensa pela desenvolvimento do mini-doc, sendo que estas não se referem a nota, pelo menos ao meu ver, mas, as recompensas que tivemos com o desenvolver do mini-doc são muito menores que as dos três dias.

Para fechar, é claro para mim que o MNM trouxe grandes resultados na minha relação com a cidade e espero que essa relação mude, mas mude para melhor. A única coisa que tenho que confessar é que os três dias proporcionaram uma relação maior entre nós e a cidade do que a própria parte de montagem do documentário. Mas, o MNM, como um todo, realmente tornou mais próxima a minha relação com a minha querida Sampa.

-Reale.

Afinal, mudou alguma coisa?

Fala aí galera, tudo bem?

Junks aqui, hoje falando sobre o que eu aprendi durante a produção do blog e do mini-doc. Dito isso, bora pra análise.

Devo dizer que, antes de tudo, eu me senti decepcionado com o projeto. Na minha primeira postagem no blog, eu comentei o quanto eu tinhas expectativas altas em relação ao projeto, achando que seria algo que realmente causaria algum impacto em mim. Não que eu não tenha tido alguns choques de realidade, como a visita à uma ocupação, mas comparando a cobrança do projeto, o tempo que perdemos correndo atrás de entrevistas, autorizações, filmagens, com o quanto eu me senti mudado no final do processo, acredito que todo esse trabalho foi um desperdício de potencial e de tempo.

Apesar das minhas críticas, a ideia do projeto, aproximar o aluno de uma realidade diferente da sua, é ótima. Quero dizer, acredito que, se feito de outra maneira, o projeto poderia ter sido ótimo, mas infelizmente, pelo menos pra mim, o projeto foi um peso durante o ano inteiro.

Resumindo, adorei a ideia do projeto, mas acho que a parte prática tem como ser muito melhorada, tornando o projeto realmente uma fonte de aprendizado sólida para os alunos.

Um abraço,

Junqueira

Um pouco de alteridade não faz mal a ninguém

O documentário, antes de ser um vídeo, uma coleção de imagens e sons, cores e áudios, é um processo, que tampouco inclui somente gravar, entrevistar e editar. Pertence ao documentário, muito mais que a estética, a meditação; meditação sobre o próprio do objetivo do documentário. E nessa reflexão de o que queremos para o filme, surgem outras mais intrínsecas ao ser. O que eu quero para o documentário? Quero botar uma parte de mim, do que eu penso, das coisas a que eu prezo, ou somente ganhar a nota? Quais são essas coisas a que prezo? São ideias? São ideias importantes, revolucionárias, ou ideias puramente escolares? E ao escolher uma certa fala na edição e não outra, o que estou construindo? Um país melhor, espectadores melhores, ou nada? Preciso construir algo? Todo esse momento de pensamento sobre o próprio processo de fazer o documentário, junto de todas respostas que vêm em seguida, é o que faz o produto final. Talvez falta de disponibilidade de tempo, ou perda do ânimo emocional tenham sido empecilhos no caminho que fizeram o filme perder um pouco de sua precisão da relação entre as imagens e as nossas ideias, mas num panorama geral, o documentário representou sim bastante do que eu e meus colegas construímos durante o processo.

No começo do projeto, o grupo chegou a um acordo de que faríamos o documentário visando o embate entre a população, que julgava, oprimia e reduzia o artista da rua com a visão que ele tinha dos pedestres e que relação ele gostaria de estabelecer com eles. Como quem procura pelo em ovo encontra, encontramos estudos que afirmavam e comprovavam este conflito. Mas não há pelo em ovo! E para nossa surpresa, quando fomos em campo fazer pesquisas com pedestres, percebemos que não havia repulsa por parte da população com os artistas. Foi então que percebemos: o preconceito era nosso e projetávamos o NOSSO preconceito nos pedestres. Esse momento foi um pouco chocante e até envergonhante, porque nunca tinha me imaginado como um potencial preconceituoso dessa maneira, mas percebi que eu o era e não por maldade a minha e sim por ter sido doutrinado a ser assim; a ser assim e nem perceber a gravidade de meus discursos.

Esse choque, que passou a ser um alívio para mim posteriormente, foi uma coisa que, por em muitas falas, tentamos representar no documentário. Por exemplo, oposições que o Ivaldo faz durante o filme sobre como era a situação dos artistas de rua e como é hoje têm tanto uma carga histórica dele explicando dois momentos diferentes para os artista, quanto uma carga pessoal de identificação minha: a situação antiga de repulsa seria minha concepção antiga dos artistas, já a situação atual por que eles passam, seria a minha concepção atual, renovada e reformulada sobre eles. No fim de cada entrevista pedimos também para que cada entrevistado dissesse algo a quem fosse assistir. Essas mensagens podem ser vistas tanto como mensagens do artista para o público, quanto como uma mensagem minha (e acho que neste momento falo como o grupo) para todos que irão assistir ao documentário, pois elas traduzem todo aprendizado que tive durante o decorrer do projeto.

Querendo reforçar esta ideia das mensagens, apelo a um exercício de alteridade: entendamos o lugar dos artistas e abramos nosso braços para recebê-los da maneira mais digna e igual possível, com um sorriso. E caso o sorriso seja muito pouco para a cutucada no seu coração que a arte deles lhe causou, um dinheiro não fará mal a ninguém. Cultuemos e apreciemos os artistas!

  • Ricardo Feliz Okamoto

Pensando um pouco sobre o MNM

E ai pessoal, tudo bem?

(OBS: para quem não viu, postamos há algum tempo posts sobre as nossas entrevistas, deem uma olhada neles!)

Bom, já faz um tempo que não escrevo (Reale aqui), mas vamos lá. Para começar, já gostaria de ressaltar que esse post tem como objetivo contar-lhes o que aprendi durante a construção do blog e do mini-doc.

Primeiramente, devo dizer que não achei o MNM o melhor projeto de todos. Tal pensamento se deve ao fato de não ter me sentido recompensado ao ver o filme terminado. Após muito trabalho, não senti uma recompensa válida, e não estou dizendo isso como consequência da nota, até acho que fomos bem na avaliação final; o mini-doc acabou não sendo uma recompensa para o meu esforço.

Entretanto, não posso negar que aprendi algumas coisas no decorrer do processo. Ao sair na rua para filmar os entrevistados, ligar e mandar mensagem para eles acabei criando um vínculo com eles e assim, ouvi histórias legais sobre a relação deles com a cidade. O maior aprendizado que eu tive foi o de não julgar, percebi que só porque alguém toca na rua, não significa que essa pessoa está lá só para ganhar seu dinheiro, ela pode estar querendo divulgar uma arte, uma cultura com todos que passam por aquele ponto. Além disso, foi bem interessante notar alguns estereótipos que eu tinha e conseguir desconstruí-los através do contato com pessoas diferentes. O vínculo que eu tive com os entrevistados também foi muito legal, vire e mexe sou convidado, pelo Facebook, para shows da Marla’s Mind. Esses convites, assim como outras formas de comunicação com os entrevistados, mostrou que o meu grupo também conseguiu ensinar alguma coisa para eles.

Mesmo com todo esse aprendizado, devo confessar que não conseguimos colocá-lo direito no blog e no mini-doc. A explicação que tenho é que o projeto acaba sendo algo mais chato por conta da nota. À medida que todo o processo é algo avaliado, acredito que comecei a pensar o MNM como algo que eu queria fazer, mas, com o passar do ano, passou a ser algo que eu tinha que fazer, a qualquer custo. Como consequência, perdeu-se um pouco do espírito explorador de Sampa, e assim, apesar de ter aprendido com as entrevistas, não sabia colocá-las no mini-doc e não estava querendo me esforçar tanto para algo que já tinha me esforçado muito. Por esta razão, não acho que o blog e o mini-doc transmitam todo o meu conhecimento adquirido, o que com certeza me influenciou quando digo que não me senti totalmente recompensado ao final do processo de construção do mini-doc.

Para concluir, gostaria de deixar claro que sim, tive grandes aprendizados no projeto que levarei comigo a vida inteira, mas, mesmo assim, não me senti recompensado com o projeto, uma vez que perdi, a partir de um determinado momento, meu espírito de explorador e assim, não consegui transmitir bem tudo que aprendi nem nesse blog nem no filme.

Bom galera, acho que é isso,

Um abraço, e para quem fez o Enem, espero que tenham ido muito bem!

Reale.

Reflexões sobre o projeto – Rodrigo Magaldi

Olá caros leitores, tudo bem?

Tudo tranquilo? Deboas?

deboísmo

Beleza então, bora lá.

(Magaldi falando, por sinal)

Primeiro de tudo, queria pedir desculpas em nome do grupo pela falta de posts no blog. A gente não pôde postar aqui o documentário (e ainda não podemos, por razão que não me parece muito boa, mas deixemos quieto, não podemos), o que é uma pena, porque a conclusão do projeto Móbile na Metrópole é exatamente o vídeo. Bom, quem sabe um dia poderemos postá-lo.

Mas o ponto desse post não é esse, não. É pra ser um post super profundo e reflexivo e coisa e tal sobre minhas experiências com o MNM e com a produção do documentário, então vamos nessa.

Eu não posso negar que foi um projeto bastante life-changing sob o ponto de vista de que fez todo mundo pensar a respeito de sua posição de privilégio na cidade. Branco, de classe média, que estuda numa das melhores escolas de São Paulo. É o perfeito estereótipo daquele que se auto-segrega no seu condomínio seguro, carro blindado. E eu não to dizendo que isso é particularmente errado, até porque São Paulo é sim perigosa e isso é um fato. Mas é que a cidade tem tanto a oferecer! Na esquina, na alameda, na virada, na (vereda) avenida, tanta coisa boa acontecendo… e a gente aqui, dentro de casa, jogando videogame, se fechando pro mundo. O dia que a gente foi pra Avenida Paulista filmar a banda Marla’s Minda quando a avenida tava fechada pra carros foi um dos dias mais marcantes, pelo menos pra mim. Ver todo mundo, e eu me incluindo nisso, participando daquilo que a cidade tinha a nos oferecer com a maior avenida fechada por bicicletas, jegue-elétrico, grupos de dança, pessoas andando de skate e patins, músicos. Foi bastante tocante ver aquilo acontecendo, foi realmente algo inusitado e necessário pra redemocratização dos espaços públicos e início do fim (quem sabe?) da segregação socio-espacial da nossa santa Sampa.

Mas claro, todas as entrevistas, não só a da Marla’s Mind, foram muito boas. Teve a do Ivaldo e a do Luis Antonio, que foram também boas demais, e me mostraram como as pessoas, mesmo sendo diferentes, são todas iguais. Somos todos pessoas, e essa é a nossa condição. Músicos, dramaturgos, pessoas que cuidam da mãe quando ela precisa de ajuda, pessoas no final de tudo. E só digo isso porque de fato é o que penso. Talvez não pensasse antes, mas agora entendo que pessoas são pessoas como eu e ponto, o que quer que façam, a qualquer classe social que pertençam.

Quanto ao processo de craição do documentário, mais especificamente, eu não tive tanta participação assim. Quero dizer, na montagem do vídeo. Eu acabei dormindo no sofá enquanto os outros três faziam uma parte importante da edição, mas pra compensar eu editei uma parte no dia seguinte de manhã cedo, então talvez compense (será? Espero que sim). Eu já sabia que editar um vídeo era tarefa bastante árdua, até porque eu editei o vídeo da Marcha das Vadias, que é bem curtinho e sem nada demais e mesmo assim eu levei quatro horas pra editar. Fazendo o mini-documentário, a hipótese que eu tinha criado (fazer vídeos é bastante difícil) se concretizou. E outra também (de que eu sou meio que uma anta e meus amigos editam muito melhor e mais rápido do que eu).

Eu acredito (é na rapaziada… brincadeira gente, sério, vou parar de fazer trocadilhos com músicas) que o nosso documentário traduziu bem nosso processo de apredizado durante o projeto. Eu acho que a gente conseguiu bem captar os artistas de rua da forma como queríamos – como pessoas, como seres como nós, como qualquer um. Eu particularmente penso que a escolha de nossos professores de realmente dar uma nota para o documentário é um pouco controversa, até porque eles nos falaram pra fazer um documentário como a gente bem entendesse, usando os nossos critérios e ideias, e depois eles que corrigem e dão uma nota de acordo com o critério deles? Ora, que sentido faz? Eu entendo que é necessário avaliar o projeto, até porque sem nota a quantidade de pessoas envolvidas de fato seria muito, mas muito menor. Mas acontece que com isso o documentário fica o que eles querem, não o que quem o fez quer. Eu gostei do meu documentário? Gostei, gostei sim, mas a nota não fez juz ao trabalho e envolvimento que tivemos. Eu sei, eu sei, ‘a nota não é o importante’. Mas… porque tê-la, então? Mas acho que isso é uma questão para o coordenadores do projeto discutirem para o ano que vem, então acho que eu vou ficando por aqui mesmo.

Ufa, valeu, post longo mas valeu.

Aquele abraço galera, até mais!

 Magaldi